quarta-feira, 7 de julho de 2010

Leitura

Estímulo à leitura

Toda sociedade civil deseja a implementação de uma política do livro no Brasil. Não somos um país de leitores e estamos longe disso e todos sabemos que caso não seja implementada uma política muito séria, a situação vai piorando.
Um investimento grande, maciço em educação nos ajudaria nesse empenho para termos logo massa crítica que exigiria como base a adoção de bibliotecas em todas as escolas e bairros e muito investimento na área cultural.
Nosso mercado editorial com a chamada desoneração fiscal dos livros tende a crescer, pois havendo mais leitores e bibliotecas, teremos mais livros e muitíssimos leitores e, depois, eleitores com consciência social e mais massa crítica para eleger bons representantes do povo, comprometidos com a correta aplicação dos recursos públicos, ética.
Precisamos mobilizar todo mundo para que todo mundo estimule o outro à leitura, que deve ser uma política séria e estratégica para o país.
Investindo mais em educação, cultura, leitura, escolas, bibliotecas, etc teremos gente mais consciente que vai exigir melhor distribuição da renda, mais escolas, indústrias, emprego para todos e, conseqüentemente, a diminuição da violência, do crime.
Muitas medidas podemos tomar para estimular o crescimento do índice de leitura, como por exemplo:
Começar em casa, na família, contando o cotidiano de suas atividades ao seu filho. Arranjar tempo para contar histórias, para investir em pequenas campanhas de leitura em sua casa, na vizinhança;
Na escola, visitar uma biblioteca com os alunos, explicar a importância, convidar um escritor para ir à escola e conversar sobre leitura;
Estabelecer metas de leitura. Ler, por exemplo, três livros no primeiro semestre e pode ser um autor local, outro nacional e um clássico;
Fazer doação de um livro para uma biblioteca;
“Esquecer,” propositalmente, um livro no ônibus ou em qualquer outro meio de transporte: barco, canoa, van, balsa;
Fazer grupos para ler em voz alta. Leitura nos locais públicos;
Falar de livro e de leitura nas escolas;
Mandar livros para as escolas do interior;
Formar crianças multiplicadoras de leitura.
Para que o livro e o escritor paraense sejam conhecidos uma das maneiras é fazer eventos com livros (feira, exposição, lançamentos) convidar o autor local, mostrar seus trabalhos, divulgar, acarinhar o livro, andar com livros, mostrar livros, falar de livros.Não será preciso movimentar recursos financeiros. Permutas podem ser feitas com os próprios livros - como se fazia troca de gibis nos cinemas na década de 60. Levar espontaneamente um livro para o vizinho. É um pequeno agrado, um mimo, maneira diferente de se relacionar. São pequenas atitudes que podem redundar num grande movimento da sociedade civil.
Governo, como sabemos, somos todos nós. Nós temos que executar, fazer e exigir que o os poderes façam. É perda de tempo só ficar alardeando um nome bonito chamado políticas públicas. Quem faz política pública é o povo. Esse sim pode mexer, mudar, transformar. Basta querer.
Não acredite nas palavras bonitas pronunciadas em discursos vazios que muita gente espalha por aí. Faça você mesmo. Modifique, coopere com o que puder e tiver para que a leitura aconteça e acredite, agindo assim, dentro de pouco tempo, tudo vai se modificar. É preciso fazer agora, já, por cada um de nós, se quisermos sair deste caos em que estamos. Se há pelo menos há trinta anos, tivéssemos investido em educação em Belém, teríamos agora que construir menos prisão.
Assim, investindo agora em educação, cultura e leitura, temos a perspectiva de ir diminuindo o percentual de marginalidade, crime e criança na rua. O resultado será uma comunidade de leitores, com consciência social e uma cultura de paz, solidariedade, respeito e amor e não esse caos de insegurança, desamor, desrespeito e a cultura da morte, as mídias investindo no noticiário de fatos delituosos que crescem e crescem.
Só através da educação e do livro, podemos nos desenvolver. O livro é a salvação de Belém e do Brasil e de qualquer sociedade que queira que todos tenham vida digna de seres humanos e não essa degradação, esse vilipêndio que assistimos nas ruas de Belém.
Ou seja, por causa da alta taxa de desemprego, o homem, para conseguir um trocado para sustentar a família, se vê obrigado a tomar o lugar outrora do animal irracional (cavalo ou burro) e se submete a puxar carroça. De que adianta a imensa evolução da ciência e da mais alta tecnologia de ponta, se, como seres humanos, involuimos? Pós-modernamente, em Belém, o homem virou cavalo; para se alimentar, cata lixo; mora debaixo de viadutos e não tem direito a saúde, moradia, etc, etc., virou indigente, inexiste nessa sociedade consumistamente hipócrita em que o ter é maior que o ser.
Façamos todos juntos, então do ano de 2006, o ano da leitura, com uma ação concreta de cada um e não apenas através do governo ou qualquer outra instituição pública . O ano de 2006 pode ser o ano da leitura que cada um de nós vai fazer, assim , como trabalho de formiga, individual, para que a consciência se dê e depois virá o que é melhor, massa crítica, consciência social, brevemente.
Façamos deste _ e, de todos os outros _um ano de ação concreta com a leitura, doando livros, fiscalizando as ações das secretarias de Educação e Cultura, dos políticos; e, lembre-se, este é ano eleitoral, vamos eleger quem saiba ler e escrever e se comprometa em trabalhar pela educação e cultura que passa pela leitura.
Um lembrete, exija que os inúmeros tribunais de Justiça e de Contas - que só em Belém existem aos montes - abram suas bibliotecas para o público; exija que em todas as comarcas ou termos judiciários, câmara municipal, implantem bibliotecas e proponha que as várias igrejas, clubes, zonas de pesca formem sua biblioteca e todas estejam abertas e livres à comunidade; exija que o que o Ministério Público concretamente trabalhe em prol da leitura, fiscalizando para que toda escola tenha biblioteca num espaço condigno, bons livros e gente competente para atender.
Salomão Larêdo é jornalista, advogado e escritor. Coordenador Pedagógico do Programa O Liberal na Escola, do jornal O Liberal (Belém/PA)

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